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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Banquete

Dizem que Dona Inácia ralhou muito com o Vô Zé e seu neto Antônio. Os dois inventaram de pescar justo no dia em que o tempo fazia-se inseguro, ventava muito e o bambuzal era um assobio só.
- Olha os redemoinhos, Zé, já vi prá mais de três hoje! Na certa hoje é dia de Saci.
- Saci que nada sua velha medrosa, deixa eu ir embora junto com meu neto trazer uma pesca para o jantar!!!
Saiu pegando o neto pelo braço, dando um solavanco na porta. Dona Inácia fez por três vezes o sinal da cruz.
Para chegar ao lago tinham que passar praticamente por dentro do bambuzal, e era justamente isso o que Dona Inácia temia. E ela não estava errada.
A bem da verdade o pescado que o vô Zé mais o menino Antônio pegaram, “tava” bem bonito, realmente, mas esse nem chegou à mesa de jantar de Dona Inácia, pois nem Vô Zé e nem Antônio retornaram naquele dia. Dizem que na casa do Capiroto, foi servido uma bela de uma peixada. Como entrada tiveram a carne de um velho e de uma criança, o dito cujo encontrou os pescadores perdidos na mata perto do bambuzal.
Saci enganado era só Ruindade. Tinha pego mais um...digo, mais dois...

O Filho Mais Novo

Aquele seria um dia muito especial. Dona Hilária conseguira, finalmente, reunir todos os seus sete filhos para comemorar o seu nonagésimo aniversário. Todos viriam a sua casa, um velho casarão localizado no centro da cidadezinha.

Dona Hilária era uma felicidade só. Todos os sete filhos estariam juntos; se não fosse essa ocasião não haveria outra... Inclusive o mais novo, Lincoln. O taciturno e tímido Lincoln.

Por ser o mais novo, sofreu muito na mão dos seus irmãos mais velhos. Dona Hilária não sabia, mas Lincoln guardava um profundo rancor de todos. Principalmente depois daquele dia atrás do cemitério, em que eles enterraram o pequeno Lincoln numa cova que estava aberta... isso fora há muito tempo...

...

“Vai aprender o que é ser o homem, seu maricas!!!!” Esbravejava o irmão mais velho...

“Não!!!! Pára com isso... pára...”, gritava o menino se engasgando com a terra que lhe era atirada no rosto e em todo o corpo.

Os outros irmãos só caçoavam o chamando de maricas...

Daquele dia em diante, Lincoln nunca mais foi o mesmo...

Por coincidência ou não, naquela mesma noite, algo muito terrível lhe fora revelado.

...

“Está na hora deles saberem quem realmente sou...” - Disse Lincoln, agora um homem formado, encarando o velho casarão.

Lá dentro, todos o aguardavam para o início da festança.

Seria uma bela noite de lua cheia...